domingo, 30 de junho de 2013

USP barra projeto de cotas e cria bônus racial


USP barra projeto de cotas e cria bônus racial

28 de Junho de 2013

Plano de inclusão estabelece acréscimo de 20% na nota do vestibular a alunos da rede pública e de até 25% aos autodeclarados negros


USP cria cursinho pré-vestibular para alunos da rede pública
(Marcos Santos/USP Imagens)

A Universidade de São Paulo (USP), que sempre foi contrária à criação de critérios raciais de bonificação, aprovou um bônus de 5% no vestibular para candidatos de escolas públicas que se autodeclararem negros, pardos ou indígenas. A criação de um cursinho preparatório para alunos de escola pública também compõe o projeto de inclusão social em discussão na instituição.

A proposta, aprovada nesta quinta-feira pelo Conselho de Graduação, representa o abandono quase total do projeto de cotas proposto pelo governo paulista, batizado de Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Público Paulista (Pimesp). A criação de um curso semipresencial para parte dos cotistas — um dos pontos mais polêmicos do Pimesp — foi descartada.

De acordo com o novo texto, um aluno negro ou indígena que cursou a educação básica na rede pública poderá ter um bônus de até 25% na nota. Sem o critério racial, o bônus para a escola pública será de até 20%. Até o último processo seletivo, o acréscimo máximo era de 15%. Apesar de a proposta ser o resultado do posicionamento das 42 unidades da USP, ela ainda precisa ser aprovada no Conselho Universitário para que entre em vigor no vestibular deste ano.

O prazo para as metas de inclusão são diferentes do que o governo havia proposto. O documento elaborado pelo Conselho de Graduação diz que a USP só teria condições de alcançar 50% de alunos de escola pública em 2018, não em 2016, como previa o plano de Alckmin.

O projeto em estudo na USP não fala em cotas, apenas em metas e não prevê ações para o caso de não cumprimento dos objetivos estabelecidos.

Exclusão - A USP sempre teve um perfil elitista de alunos. Apesar de a escola pública abrigar 85% das matrículas do ensino médio, a grande maioria dos alunos da universidade saiu de escolas da rede privada, é branca e tem bom nível econômico. Entre 2012 e 2013, o porcentual de alunos de escola pública passou de 28% para 28,5%. Mas, levando em conta apenas as dez carreiras mais concorridas, só 19% dos matriculados vieram dessa rede.

Nesses dez cursos, metade dos ingressos é das classes A e B (com renda acima de 6.220 reais). E só quatro candidatos negros conseguiram se matricular.

Além do bônus, a oferta de um cursinho pré-vestibular é outra aposta da universidade para tentar modificar o perfil de seus ingressantes. O curso de reforço, para 1.000 alunos, será oferecido anualmente e terá duração de dez meses. As vagas serão destinadas a quem estudou na escola pública, prestou a Fuvest, mas não passou no vestibular.

A primeira edição, de caráter experimental, começará já a partir de agosto, com duração de cinco meses. As aulas serão ministradas por alunos de Licenciatura, sob a supervisão de estudantes de pós-graduação, na Cidade Universitária, zona oeste da capital.

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(Com Estadão Conteúdo)

sábado, 15 de junho de 2013

Frente Pró-Cotas apresenta alternativa ao Pimesp


Frente Pró-Cotas apresenta alternativa ao Pimesp
15/06/2013

Proposta reserva 55% das vagas das estaduais para negros, indígenas, deficientes e estudantes de escola pública

São Paulo – A Frente Pró-Cotas do Estado de São Paulo entregou à Assembleia Legislativa uma alternativa ao Projeto de Lei 530/2004, do Executivo, sobre o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Paulista (Pimesp). A proposta prevê reserva de 55% de vagas na USP, Unesp e Unicamp para negros, indígenas, deficientes e estudantes de escola pública.

Para o conselheiro da Uneafro Douglas Belchior, o Pimesp não é uma política de acesso à universidade. “É um programa que reúne alguns elementos que os programas de acesso que as faculdades já tem e garante um curso a distância (modelo college), que não garante sequer a presença deles na universidade. São Paulo continua ilhada nesse espaço de exclusão que se tornaram as universidades.”

Para Leando Salvático, estudante de pós-graduação e integrante do Núcleo de Consciência Negra da USP, a criação de programas de ações afirmativas é necessária para “fazer as pessoas acreditarem que é possível entrar em universidades públicas. O sistema de cotas é a proposta do movimento negro e estudantil para democratizar o acesso às universidades.”

Segundo Belchior, o movimento negro rejeita a proposta do governo do Estado de São Paulo e propõe a reformulação do texto do PL 530/2004. “Depois de duas audiências públicas na Alesp, organizamos um grupo de trabalho que formulou um novo texto, entregue no último dia 5”, diz Belchior.

Na próxima semana, a Frente Pró-Cotas se reúne para organizar uma campanha estadual pelo projeto de lei de iniciativa popular para a lei de cotas, em São Paulo, que deve arrecadar mais de 200 mil assinaturas.

Extraído de RedeBrasilAtual

Frente Pró-Cotas denuncia “Plano Institucional da USP”


Frente Pró-Cotas denuncia “Plano Institucional da USP”

14 de Junho de 2013 - 9h56

A Frente Pró-Contas de São Paulo denuncia e repudia a manobra da Reitoria da USP, que tenta de qualquer forma aprovar o que eles estão chamando de “Plano Institucional 2013-2018”, que se distingue completamente do Pimesp, provavelmente por vergonha de reconhecer o fracasso de sua proposta (de golpe) original. Abaixo, a nota na íntegra.

Nota de Repúdio ao “Plano Institucional da USP”

Diante da eminente derrota no Conselho no Universitário da USP do Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior de São Paulo (Pimesp) e da recente apresentação na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo de um Projeto de Lei que institui as Cotas Raciais com recorte Social nas universidade paulistas (PL das Cotas) que foi elaborado pela sociedade civil organizada, a Reitoria da USP tenta de forma desesperada aprovar um tal de “Plano Institucional 2013-2018”, que se distingue completamente do Pimesp, provavelmente por vergonha de reconhecer o fracasso de sua proposta (de golpe) original.

Esse tal "Plano Institucional da USP", além de ser mais uma tentativa da reitoria de se esquivar do debate das cotas, é problemático porque suas propostas não garantirão a inclusão de estudantes negros ou oriundos da escola pública. Quando analisamos cada uma das propostas, já percebemos o quanto elas são ineficazes:

- ampliação e aumento do bônus Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp): é um fato que o Inclusp já demonstrou ser um fracasso. Ao longo dos sete anos que vem sendo implementado, houve aumento de apenas 3% no número de estudantes oriundos de escola pública e não impactou em nada na entrada de alunos negros. Além disso, mais uma vez ocorre a vinculação do critério étnico-racial ao social, o que é um problema, dado que escamoteia o racismo e não contribui para um maior acesso da população negra à universidade. Por fim, um projeto similar ao que está sendo proposto existe na Unicamp e lá também houve poucos avanços na inclusão de estudantes negros e de escola pública.

- cursinho pré-vestibular: a criação de um cursinho pré-vestibular não é, a princípio um problema, no entanto, o recorte feito para os possíveis candidatos é excludente e prejudica os próprios candidatos. As vagas serem destinadas somente a estudantes que já concorreram ao vestibular fará com que esse estudante perca um ano em relação aos demais, problema que também foi identificado no Pimesp, em que a entrada do aluno negro ou de escola pública ocorreria dois anos depois dos candidatos que não estão estivesse dentro desse recorte. Além disso, seria bastante limitada a oferta desse cursinho. Se houver o interesse da Universidade em criar o cursinho, que ele seja aberto a todo estudante negro e/ou de escola pública que esteja no terceiro ano do ensino médio.

- embaixadores da USP e ampliação dos locais de provas: essas duas propostas parecem ser muito atrativas pelo propósito que têm de levar a USP a outros espaços. Entretanto, acreditar que o que impede os alunos de entrarem na Universidade é não conhecê-la ou não conseguir fazer a prova, é acreditar em uma mentira. É fato que a universidade está distante da sociedade, mas isso se dá pela maneira como ela é construída, pensando em atender exclusivamente a elite do país e o fato da grande maioria dos estudantes da USP serem brancos e de classe média é um reflexo disso. Para rompermos com essa característica é necessário um projeto de inclusão real, em que toda a universidade se volte para a sociedade, que é o que as cotas raciais e sociais pretendem e já demonstram que são capazes de fazer.

O tal "Plano Institucional" é um Inclusp com um percentual de "até 5%" (pode ser 0%) para negros e indígenas... proposta que nem de longe atende às demandas da sociedade por inclusão étnico-racial na Universidade, que é uma mais desiguais do país, como apontam os dados apresentados na "JUSTIFICATIVA do PL DAS COTAS”.

Vale ressaltar que a pauta "Implementação das Cotas Raciais na USP" foi inserida na pauta do Conselho Universitário de 20/09/2012 por conta de um Abaixo-Assinado elaborado pelos Representantes dos Alunos e foi deliberada nesta a criação de uma "Comissão de Discussão das Cotas Raciais na USP", o que nunca aconteceu. Porque a Comissão não foi criada e a discussão ocorrida foi sobre o Pimesp e não sobre as Cotas, como havia sido proposto e aprovado?

Nos envergonhamos com as inúmeras manobras que a atual Administração da USP tem feito para evitar que a Universidade de São Paulo se torne uma mais democrática no seu Acesso e também na sua Gestão. Isso demonstra uma tentativa desesperada de manutenção do status-quo que foi posto em xeque pelos acadêmicos que estudam "Inclusão Social" e pela sociedade brasileira, que apóia a implementação das Cotas Racias (Pesquisa IBOPE - 17/02/2013).

A vitória do Movimento pelas Cotas na USP está chegando! Pedimos a sua assinatura no Abaixo-Assinado para que o Projeto de Lei das Cotas que tramita na ALESP seja incluído na pauta de discussão e votação na próxima Reunião Ordinária do Conselho Universitário da USP, juntamente com o “Plano Institucional”.

Atenciosamente,

Frente Pró-Cotas Raciais na USP

Extraído de Vermelho

terça-feira, 11 de junho de 2013

Reserva de cotas para negros na Prefeitura de Vitória como anda

Liminar que barra reserva de cotas para negros na Prefeitura de Vitória ganha força

Treze desembargadores estão a favor da liminar; quatro se mantêm contra

Livia Francez
                                07/06/2013 17:05
                                - Atualizado em 10/06/2013 11:41

O Pleno do Tribunal de Justiça do Estado (TJES) deu continuidade, na sessão desta quinta-feira (6 de junho de 2013), ao julgamento do pedido de liminar feito pelo Ministério Público do Estado (MPES) para suspender a lei municipal de Vitória que instituiu cotas para afrodescendentes nos concursos públicos da Capital. A norma estabelece reserva de 30% das vagas para negros.

O desembargador José Luiz Barreto Vivas havia pedido vista do processo na sessão do dia 27 de maio e nesta quinta-feira decidiu por acompanhar o voto do relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), Ronaldo Gonçalves de Sousa, votando pelo provimento do pedido de liminar.

O desembargador José Paulo Calmon Nogueira da Gama pediu vista do processo na sessão desta quinta. Até o momento são 13 votos pela concessão da liminar ao MPES e quatro contra.

Em sessão realizada no dia 16 de maio, o desembargador Willian Silva, que votou pelo indeferimento da liminar, utilizou a lei federal n° 12.771/12 para sustentar o voto. A norma reserva 50% das vagas em universidades e escolas técnicas para negros, pardos e índios, metade das quais destinadas aos egressos de famílias com renda mensal inferior a 1,5 salários mínimos mensais. Ele lembrou que o plano inicial era que a cota abarcasse 30% das vagas em disputa, e que este é o percentual que a lei de Vitória prevê.

“Ora, diante desse último fato, acima de tudo se vê que é precipitada qualquer decisão acerca da inconstitucionalidade do sistema de cotas implantado nos concursos públicos de Vitória, visto que se terá, em pouco tempo, discussão de aspecto nacional sobre o tema”, disse o magistrado, no voto.

Willian Silva, que é o primeiro desembargador negro do Estado, ressaltou, ainda, que a diferenciação proposta pela lei municipal não está dissonante dos interesses protegidos constitucionalmente, ao contrário, está afinada com os interesses federais e com as diretrizes da lei n° 12.288/10, o Estatuto da Igualdade Racial. “Não é demais lembrar que a preocupação com a diminuição das desigualdades é um fenômeno nacional, não se tratando, sobremaneira, de fato isolado. Há leis regulamentando o tema, já em vigor, no estado do Rio de Janeiro, no Mato Grosso do Sul, no Paraná e no Rio Grande do Sul”, lembrou o desembargador, apontando que estados em que estudos demográficos mostram prevalência branca – sendo 83,2% do Rio Grande do Sul e 70,3% no Paraná – também adotaram o sistema de cotas.

Extraído de Século Diário - Vitória - ES

As cotas na UEPG precisam continuar... afinal é Lei!

Toda pupila é branca

                                              09 de Junho de 2013
por Jocemara Marcondes Gomes
 - odontologus@hotmail.com

Em 2013, a Lei da Abolição completou 125 anos e resumida em um único parágrafo, dizia estar extinta a escravidão no Brasil. Assim, a Coroa e a Igreja com sua “missão evangelizadora” deixavam de lucrar com o comércio e mão de obra de escravos. O negro era considerado um ser inferior, uma coisa, não uma pessoa, e por isso não tinha nenhum direito. Mais de cem anos depois, discutimos o passado escravista legalizado, base do nosso sistema social e econômico e tentamos desconstruir sequelas como o racismo, a cultura da violência, a má distribuição de renda, o desrespeito à cidadania e o acesso ao ensino superior.

O Senado buscando a devida reparação aprovou o projeto que regulamenta o sistema de cotas nas universidades e prevê que até 2016 25% do total de vagas sejam destinadas a estudantes negros. Negro, pobre, deficiente ou indígena? A maioria das universidades exige que o candidato responda no ato da inscrição se vai concorrer pelo sistema universal (sem cotas) ou pelo sistema de cotas – raciais ou sociais. As vagas pelas cotas raciais são destinadas aos candidatos negros e pardos que tiverem melhor pontuação ou ainda bonificação na nota final das provas sem guardar lugares nos cursos de graduação.

As cotas sociais reservam vagas para candidatos oriundos de escola pública, população de baixa renda, deficientes, indígenas e até para filhos de policiais civis e militares, bombeiros militares e inspetores de segurança e administração penitenciária, mortos ou incapacitados em razão do serviço. A intenção é incluir no ensino superior candidatos que são prejudicados no processo seletivo por terem tido menos oportunidades de aprimorar o estudo.

Adotando as cotas desde 2006, a UEPG deverá avaliar esta benesse - a inserção de indivíduos da escola pública em condição de desempenho de qualidade nos cursos, bem como a cota para negros e sua efetiva contribuição como política de inclusão social. Há bons fundamentos dos dois lados: os que querem as cotas para negros, e os que a rejeitam, todos com bons argumentos. O sociólogo Muniz Sodré questiona - Não é a proximidade entre as diferenças o que, afinal, promove o sistema de cotas brasileiro?

Martin Luther King desejou direitos civis sem distinção e que as crianças não fossem julgadas pela cor de sua pele. Por ideologia, atestaria contra um pré-vestibular “para negros” e a favor para os pobres ou oriundos de escola pública. Mas é necessário outro olhar e descobrir que ser pobre é um problema, ser pobre e negro é um problema maior ainda. De onde eles vêm, as cotas fazem todo sentido. Os cotistas já mostraram que sua média de notas é maior e menor a média de faltas entre os que não precisaram de cotas.

O pano de fundo sempre é o combate à discriminação racial. Não é exigindo atos heroicos de cada jovem pobre e negro que a igualdade nos alcançará. A espera já se alongou por séculos e somente enfrentando o problema no ensino fundamental, médio, cotas, universidade, distribuição de renda e tributação justa, alavancaremos as políticas afirmativas da sociedade – eis a nova alforria.

Extraído de JMNews - Jornal da Manhã - Ponta Grossa - PR

2,6 mil ingressam na UFMT pelo sistema de cotas

2,6 mil ingressam na UFMT pelo sistema de cotas

10 junho 2013 10:41

Nos últimos dois anos, 2.600 estudantes de escolas ingressaram na Universidade Federal de Mato Grosso(UFMT) pelo sistema de cota, ou seja, reserva de 50% das vagas.

Na tentativa de fazer com que esses universitários prossigam nos estudos até a conclusão dos cursos, o governo Federal, por meios das faculdades, oferecem bolsas permanência e outros mecanismos de apoio.

Em Mato Grosso, conforme dados Pró-reitoria de Assistência Estudantil da UFMT, são 1.500 bolsas permanência no valor de R$ 400,00, 1.500 auxílios permanência (R$100,00) e 110 auxílios moradia de R$ 400.

Além disso, explica a pró-reitora, professora Myrian Serra, são disponibilizadas 125 vagas de moradia estudantil nos campus de Cuiabá Rondonópolis, 100 e 25, respectivamente.

Além dos programas de permanência socioeconômica, a UFMT disponibiliza programas de apoio acadêmico, como tutoria, apoio inclusão e monitoria.

Cerca de 1.500 bolsistas, estudantes de graduação atuam no apoio acadêmico aos demais estudantes da universidade.

Tanto bolsas, auxílios e moradia são para estudantes carentes cotistas e que já frequentavam a faculdade antes da regulamentação federal das cotas, o que ocorreu ano passado.

O Enem é a única forma de ingresso na Universidade Federal de Mato Grosso, a mais concorrida do Estado. (AA)


Programas aumentam número de índios em universidades de SC

Programas aumentam número de índios em universidades de SC

10/06/2013 22h15 - Atualizado em 11/06/2013 15h14
Géssica Valentini Do G1 SC

Na UFSC, sistema prevê atualmente 10 vagas, que serão ampliadas.
Em instituições particulares, bolsas e financiamentos são alternativas.


O programa de Ações Afirmativas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) prevê cotas para índios desde 2008. Até o ano passado, nove vagas eram disponibilizadas, com um limite de duas vagas por curso. Uma reformulação ampliou o número de vagas, desde que haja candidatos aprovados. Conforme a UFSC, o total será ampliado gradativamente, enquanto o limite por curso subiu para 3 vagas. São 10 vagas em 2013, 13 em 2014, 16 em 2015, 19 em 2016 e 22 em 2017.

De acordo com o presidente da Comissão de Acompanhamento das Ações Afirmativas da UFSC, Marcelo Tragtenberg, a alteração ocorreu porque nos últimos anos houve um aumento gradativo no número de indígenas prestando vestibular. Ele comemorou as novas regras e a continuidade do Programa.

"A nova lei estabelece, no âmbito da UFSC, que cada curso deve reservar uma vaga para autodeclarados indígenas de escola pública. O Estatuto do Índio estabelece que os índios são aqueles que são reconhecidos pelo seu povo e se reconhecem como daquele povo. Esse critério pode ser utilizado para evitar fraudes, mas somente após a matrícula, via processo administrativo. Estamos iniciando esse processo de integração", explica Tragtenberg.

Um estudo do Núcleo de Estudos dos Povos Indígenas da UFSC, sobre os alunos indígenas que ingressam na instituição com as vagas suplementares, mostra que entre 2008 e 2011 foram nove classificados, sendo que apenas quatro ainda estavam matriculados no ano passado, entre eles a estudante de medicina Fernanda Peretti Corrêa, que ingressou em 2010, e a aluna de direito Lucimara Patté, que iniciou a graduação em 2012.

Fernanda foi a primeira estudante a ingressar no curso de medicina da UFSC através das cotas. Para permanecer na universidade, ela conta que recebe uma bolsa permanência, no valor de R$ 490, além de uma bolsa da Fundação Nacional do Índio (Funai), de R$ 300, e um auxílio moradia de R$ 200. Mãe de dois filhos, de 11 e 3 anos, ela diz que, apesar de importante, ainda precisa da ajuda dos pais e da avó paterna das crianças. “Se não tivesse esse auxílio, não conseguiria estudar”, afirma ela.

Como Fernanda, outros estudantes também apontam o valor da bolsa como baixo e até mesmo motivo desistência, como mostra o estudo do Núcleo de Estudos dos Povos Indígenas. Além disso, o trabalho mostra que a divulgação do vestibular não chega às aldeias, há uma burocracia para se conseguir a isenção da taxa e a própria entrevista. Ainda assim, estudantes como Fernanda e Lucimara continuam no curso e comemoram a oportunidade.

Estudantes indígenas matriculados no país
Educação infantil                                    22 mil
Ensino fundamenta                              175 mil
Ensino médio                                         27 mil
Educação de Jovens e Adultos             22 mil
Ensino superior                                       9 mil
Fonte: Censo Escolar 2010/MEC


Indígenas em instituições particulares

Segundo o Censo Escolar de 2010, do Ministério da Educação, em todo o país há pelo menos 9 mil índios em cursos superiores. Na UFSC, além dos cotistas, há o curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, específico para descendentes das etnias kaingags, xoklengs e guaranis, que ingressaram através de um processo seletivo diferenciado. Conforme a professora Maria Dorothea Post Darella, 120 alunos iniciaram a graduação, em 2011, e 95 continuam matriculados.

Conforme a agente indigenista Luciana Porta, da Fundação Nacional do Índio (Funai), a entidade não possui um registro do número de índios em outras universidades do estado, mas garante que o número ultrapassa dezenas e a maioria está matriculada em instituições particulares. Apesar disso, apenas alunos de universidades públicas recebem uma bolsa da Funai, no valor de R$ 300. Ainda conforme Luciana, até mesmo este auxílio no próximo semestre será repassado pelo Ministério da Educação (MEC).

"A Funai costumava destinar uma ajuda a todos, mas nos últimos anos o número de estudantes cresceu muito, até que não foi possível mais. Somente neste semestre, temos 16 pedidos de auxílio de estudantes na região de Ibirama, mas há dezenas de estudantes somente nesta região", disse ela.

Nesse caso, conforme Luciana, os alunos dependem das oportunidades de cada universidade, como bolsas do governo federal, estadual ou da própria instituição, além de financiamentos estudantis, que também considera responsáveis pelo aumento no número de indígenas em cursos superiores.

Seja em universidades públicas ou particulares, apesar da dificuldade em concluir o curso, a agente indigenista comemora a existência dos programas e o interesse pela educação superior. "Além de melhorar a autoestima, há uma integração deles na universidade. É muito importante ocuparem esse espaço universitário, que é universal, para conquistarem reconhecimento como cidadãos. Acredito que essas oportunidades são necessárias para isso”, conclui ela.

Extraído de G1

Mudem-se as cotas da UEPG

Mudem-se as cotas da UEPG


por Angelo Luiz De Col Defino
angelo.defino@bol.com.br

                                            11 de Junho de 2013


O Supremo Tribunal Federal já se pronunciou sobre as cotas raciais em universidades públicas, considerando-as constitucionais. O Senado Federal aprovou lei que obriga as universidades federais a reservarem 50% das vagas para alunos que tenham cursado todo o ensino médio (antigo “segundo grau”) em escolas públicas.

Em Ponta Grossa, após sete anos do surgimento das cotas dentro da UEPG, uma discussão importante sobre elas foi deflagrada na última semana.

O debate é importante para reflexão sobre a permanência ou não das atuais regras que regem os concursos na nossa Universidade. E acontece em um período de discussão nacional sobre o tema, com grandes polêmicas. Estudos da Universidade Federal Fluminense, publicados no jornal Folha de São Paulo do último 28 de abril, dão conta que, diferentemente de 2005, quando os recém beneficiados cotistas apresentavam médias de notas durante o curso universitário equivalentes aos demais candidatos selecionados pelo método tradicional, agora aparece uma média de 10% a menos de pontos em suas notas durante os cursos pesquisados.

É óbvio que antes de ser favorável a qualquer tipo de cota somos favoráveis a uma escola de qualidade que coloque o aluno do ensino público em pé de igualdade para disputar uma vaga com qualquer aluno vindo do ensino particular.

As cotas chegaram com este estigma de paliativo. O problema é que se passou quase uma década e o ensino público não evoluiu como deveria. E as cotas não só se perpetuam como avançam sobre as demais vagas.

Sou a favor da cota para alunos de escolas públicas como está no projeto do Senado. Apenas para aqueles que comprovem que realmente não podem pagar pelo ensino particular. Como já é feito na Universidade Estadual de Maringá. Pois é interessante, que a cada divulgação dos resultados dos vestibulares da UEPG vemos os nomes de alguns cotistas de escolas públicas dos cursos mais concorridos sendo divulgados como alunos de Cursinhos Pré vestibulares, ou seja, estavam frequentando paralelamente o ensino particular. Mas não era para privilegiar os menos favorecidos?

Trabalhei de 2002 a 2009 em uma mesma Unidade de Saúde de Ponta Grossa. Vi toda uma população melhorar de vida nos últimos anos. E uma das primeiras atitudes das mães, quando começou a sobrar salário no final do mês, era colocar seus filhos em uma escola particular ou pedir uma bolsa nessas escolas, pensando que seria melhor para eles poderem entrar na Universidade. E pagavam com sacrifício. O que dizer para elas quando chega o vestibular e seu filho teria uma concorrência menor se elas não tivessem se sacrificado tanto?

Extraído de JMNews - Jornal da Manhã - Ponta Grossa - PR


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cotistas da UnB provam mérito e põem abaixo mitos de críticos

Cotistas da UnB provam mérito e põem abaixo mitos de críticos

9 de Junho de 2013 - 15h56

"A função das cotas raciais é deixar de existir assim que a discriminação reduzir ou acabar. O papel da sociedade é trabalhar para que isso aconteça o mais rápido possível", afirma Natália Machado, antropóloga, aluna cotista.

Por Ana Pompeu*, no Correio Braziliense

Não fossem as cotas raciais, a Universidade de Brasília (UnB) teria 71,5% menos negros no quadro de estudantes na última década. Quem esteve no seminário “10 Anos de Cotas na UnB: memória e reflexão” considera o número representativo. Para eles, é a prova de que a política afirmativa da instituição deu certo e vem incluindo uma parcela discriminada e excluída do ensino superior.


Além disso, os bons resultados apresentados pelos cotistas põem abaixo alguns mitos levantados pelos críticos da ação. Entre eles, havia questionamentos sobre a queda do nível da universidade com o ingresso de estudantes por meio de cotas. O tempo provou, no entanto, que o desempenho deles, comparado ao do sistema universal, não teve diferença significativa. Em 2009, chegou a ser superior. A média do índice de rendimento acadêmico (IRA) ficou em 3,1 para os cotistas, enquanto os demais estudantes alcançaram 2,9.

A partir deste mês, a instituição aprofunda o trabalho de avaliação dos resultados para decidir sobre a continuidade do sistema. Em 6 de junho de 2003, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) aprovou a reserva de vagas na UnB.

O plano estipulou 10 anos para a duração da política. Como a primeira turma com alunos cotistas ingressou no segundo semestre de 2004, o prazo vence no fim do primeiro semestre do próximo ano. Portanto, chegou a hora de a universidade pensar sobre a manutenção da reserva de vagas. Uma comissão nomeada pelo reitor deve começar a se reunir para estudar propostas sobre o tema. Possíveis mudanças vão vigorar a partir do segundo processo seletivo de 2014.

*Ana Pompeu é jornalista do jornal diário de Brasília, Correio Braziliense

Extraído de Vermelho