UFABC tem 76% dos alunos nas classes C e D
14/04/2011 07:02:00
Camila Galvez - Do Diário do Grande ABC
A maioria dos alunos da UFABC (Universidade Federal do ABC) vem de famílias que fazem parte das classes econômicas C e D. Esse é um dos principais resultados de pesquisa realizada com 3.812 alunos em 2010, número equivalente a 91% dos 4.184 matriculados.
A renda familiar média desses estudantes, segundo a pesquisa, é de R$ 4.150, valor 23% superior à média registrada em pesquisa de 2009. Em contrapartida, cerca de 30% dos alunos afirmaram ter carro próprio, o que poderia indicar famílias com renda maior.
Segundo o cientista político e professor da UFABC Sidney Jard da Silva, a balança é saudável e reflete a política de cotas adotada pela instituição. A UFABC oferece metade de suas vagas para alunos que estudaram a vida toda ou a maior parte dela em escola pública. Destas, 29% são destinadas para negros (pretos e pardos). "Essa política reforça a diversidade entre os alunos", destacou.
A pesquisa revela outro dado em relação às cotas: o rendimento dos alunos cotistas e não cotistas sofre pouca variação. "Isso tira o estigma que existe na sociedade de que o aluno cotista tem desempenho pior em relação aos demais alunos da graduação", destacou Silva.
NEGROS
Apesar de reforçar a política de cotas da instituição, apenas 10% dos alunos que ingressaram pelo recurso em 2010 se declararam negros e pardos.
Para o professor da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) Pedro Chadarevian, convidado para comentar a pesquisa, o número ainda está aquém até mesmo do proposto pela universidade, que é de 29%. "Os países que adotam ações para estimular o ingresso de minorias na universidade reduzem as desigualdades sociais. Esse é um desafio para a UFABC."
Silva explicou que, apesar do número baixo de cotistas, a universidade se aproxima da meta por ter cerca de 20% de alunos que se declaram negros. "Há uma disparidade aí que precisa ser analisada. Negros estão ingressando na universidade fora do sistema de cotas", destacou.
Para Silva, muitos fatores podem levar a esse quadro. O primeiro deles também está evidenciado na pesquisa: 75% dos alunos da instituição são a favor da cota social, 25% da cota mista (social e racial) e menos de 1% a favor da cota racial.
"Diante desses números, pode ser que os negros prefiram ingressar pelo sistema universal para provar que são capazes", avaliou.
Maioria dos alunos ainda é da Capital
Na UFABC (Universidade Federal do ABC), cerca de 35% dos matriculados em 2010 são moradores da região, contra cerca de 40% que vivem na Capital. O número registrou pouca alteração em relação ao levantamento de 2009.
O cientista político Sidney Jard da Silva acredita, no entanto, que o dado não é motivo para afirmar que a instituição não beneficia o Grande ABC. "Estamos no Grande ABC e somos do Grande ABC. Mas a proximidade com a Capital e a necessidade de alternativas a outras instituições de ensino público acabam atraindo alunos da cidade de São Paulo", destacou.
Os 25% restantes vem de outras cidades brasileiras.
MULHERES
Apesar de ser minoria entre os estudantes (30%), as mulheres apresentam rendimento escolar melhor que o dos homens. Para o futuro, o desafio da instituição é ampliar o número de alunas. "Podemos pensar até mesmo em fazer um sistema de reserva de vagas para o sexo feminino", destacou Silva.
A pesquisa deve servir como base para futuras ações voltadas aos estudantes.
Extraído de Diário do Grande ABC
14/04/2011 07:02:00
Camila Galvez - Do Diário do Grande ABC
A maioria dos alunos da UFABC (Universidade Federal do ABC) vem de famílias que fazem parte das classes econômicas C e D. Esse é um dos principais resultados de pesquisa realizada com 3.812 alunos em 2010, número equivalente a 91% dos 4.184 matriculados.
A renda familiar média desses estudantes, segundo a pesquisa, é de R$ 4.150, valor 23% superior à média registrada em pesquisa de 2009. Em contrapartida, cerca de 30% dos alunos afirmaram ter carro próprio, o que poderia indicar famílias com renda maior.
Segundo o cientista político e professor da UFABC Sidney Jard da Silva, a balança é saudável e reflete a política de cotas adotada pela instituição. A UFABC oferece metade de suas vagas para alunos que estudaram a vida toda ou a maior parte dela em escola pública. Destas, 29% são destinadas para negros (pretos e pardos). "Essa política reforça a diversidade entre os alunos", destacou.
A pesquisa revela outro dado em relação às cotas: o rendimento dos alunos cotistas e não cotistas sofre pouca variação. "Isso tira o estigma que existe na sociedade de que o aluno cotista tem desempenho pior em relação aos demais alunos da graduação", destacou Silva.
NEGROS
Apesar de reforçar a política de cotas da instituição, apenas 10% dos alunos que ingressaram pelo recurso em 2010 se declararam negros e pardos.
Para o professor da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) Pedro Chadarevian, convidado para comentar a pesquisa, o número ainda está aquém até mesmo do proposto pela universidade, que é de 29%. "Os países que adotam ações para estimular o ingresso de minorias na universidade reduzem as desigualdades sociais. Esse é um desafio para a UFABC."
Silva explicou que, apesar do número baixo de cotistas, a universidade se aproxima da meta por ter cerca de 20% de alunos que se declaram negros. "Há uma disparidade aí que precisa ser analisada. Negros estão ingressando na universidade fora do sistema de cotas", destacou.
Para Silva, muitos fatores podem levar a esse quadro. O primeiro deles também está evidenciado na pesquisa: 75% dos alunos da instituição são a favor da cota social, 25% da cota mista (social e racial) e menos de 1% a favor da cota racial.
"Diante desses números, pode ser que os negros prefiram ingressar pelo sistema universal para provar que são capazes", avaliou.
Maioria dos alunos ainda é da Capital
Na UFABC (Universidade Federal do ABC), cerca de 35% dos matriculados em 2010 são moradores da região, contra cerca de 40% que vivem na Capital. O número registrou pouca alteração em relação ao levantamento de 2009.
O cientista político Sidney Jard da Silva acredita, no entanto, que o dado não é motivo para afirmar que a instituição não beneficia o Grande ABC. "Estamos no Grande ABC e somos do Grande ABC. Mas a proximidade com a Capital e a necessidade de alternativas a outras instituições de ensino público acabam atraindo alunos da cidade de São Paulo", destacou.
Os 25% restantes vem de outras cidades brasileiras.
MULHERES
Apesar de ser minoria entre os estudantes (30%), as mulheres apresentam rendimento escolar melhor que o dos homens. Para o futuro, o desafio da instituição é ampliar o número de alunas. "Podemos pensar até mesmo em fazer um sistema de reserva de vagas para o sexo feminino", destacou Silva.
A pesquisa deve servir como base para futuras ações voltadas aos estudantes.
Extraído de Diário do Grande ABC
Nenhum comentário:
Postar um comentário