terça-feira, 15 de março de 2011

Sistema de cotas

Sistema de cotas
Data: 12/03/2011

Há algum tempo, não muito distante, estudar numa escola pública como o Atheneu Sergipense, Tobias Barreto, Costa e Silva e até mesmo a escola municipal Presidente Vargas era um orgulho para o aluno, e também para a família do estudante.

Ao concluir o segundo grau, hoje ensino médio, o estudante de uma dessas escolas tinha a quase certeza na aprovação do vestibular na Universidade Federal de Sergipe. O método de ensino da escola pública era melhor que o aplicado em muitas escolas particulares.

Fala-se até que se o aluno queria ser aprovado no final do ano, bastava frequentar uma escola privada. Tinha até o ditado que dizia “papai pagou, filhinho passou”. Claro que toda regra tem exceção.

Passados alguns anos, os donos de escolas privadas adotaram métodos mais eficazes e o ensino público parece ter esquecido no tempo. (*) Os valores se inverteram e os primeiros colocados nos cursos mais com concorridos como Medicina e Engenharia Civil eram sempre de escolas privadas.

Com um número bem maior de alunos das escolas privadas aprovadas nos vestibulares da UFS (Universidade Federal de Sergipe), deixando para trás os alunos das escolas públicas, criou-se o sistema de Cotas. 50% das vagas de qualquer curso são ofertadas às instituições públicas. (**) Com a medida e com algumas mudanças no sistema de ensino do setor público, cresceu o número de alunos aprovados na UFS oriundos das escolas públicas.

Muitos atribuem esse crescimento de aprovação ao sistema de cotas, outros garantem que o ensino público avançou e com isso cresceu também o número de aprovados. Mas afinal de contas, o que teria beneficiado os estudantes da rede pública? O sistema de cotas é realmente um instrumento eficaz? Não seria necessária uma consulta popular para aprovar ou não esse sistema? A verdade é que, os estudantes oriundos das escolas privadas que se sentem prejudicados, pois tiveram uma pontuação maior que muitos estudantes aprovados da rede pública, estão entrando na justiça e garantindo o seu lugar na universidade. (***) Se isso está ocorrendo então existe algo de errado.

Extraído de Correio de Sergipe

A paragrafação do texto é nossa.

As observações deste Blog nos *:

(*) O/a autor/a se esquece de anotar que isto se deu por causa das reformas dos ensinos Fundamental e Médio (nomenclatura da época) e do ensino superior, dentro do regime da ditadura militar. Esqueceu também de dizer que houve uma “abertura dos portos do Brasil às nações amigas” (parafraseando Dom João VI); ou melhor dizendo: em função de o governo militar não ter interesse em abrir vagas no ensino público de nível superior (fazendo o que tinha de fazer: construindo universidades federais; contratando e remunerando professores/as; incentivando estudos de pós, com bolsas; dentre outros), ele preferiu "leiloar" as possibilidades de fazer nível superior de ensino a absolutamente todos e todas que tivessem interesse em auferir lucros com o comércio do ensino superior (apesar da falácia do “sem fins lucrativos”). Depois disso, logo inventaram o “crédito educativo” para enganar a aquelese/as que não conseguiam entrar nas federais e estaduais... Para a "peneira" foi criado, no Rio de Janeiro (e imitado em outros estados) o Cesgranrio que, com um sistema de "mil pontos" confundia o/a aluno/a sobre seu próprio conhecimento e classificação. A história é muito longa e complexa, não cabendo em uma notícia de jornal sobre "sistema de cotas" redigida para confundir os/as leitores/as com um suposto plebiscito no final da matéria!

Ao menos no Rio e em São Paulo as passeatas por Mais Vagas nas Universidades aconteciam a cada final de ano, após o resultado do concurso vestibular, devido ao número de excedentes que crescia a cada ano. Excedente é o/a estudante que tem média para entrar na universidade pública, mas cuja classificação impossibilitava a entrada (de acordo com o número de vagas/cadeiras).

(**) “...deixando para trás...criou-se...” É simples assim?! É lamentável como um fato político educacional de alta relevância se converta em uma “história da corochinha”!!!

(***) Não sempre garantindo! É importante não esquecer:
2008 - TRF nega liminar contra sistema de cotas da Universidade Federal do RS
2008 - Ministro do STF dá 1º voto a favor do sistema de cotas
2008 - TRF-4 reconhece constitucionalidade do sistema de cotas


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