terça-feira, 11 de junho de 2013

As cotas na UEPG precisam continuar... afinal é Lei!

Toda pupila é branca

                                              09 de Junho de 2013
por Jocemara Marcondes Gomes
 - odontologus@hotmail.com

Em 2013, a Lei da Abolição completou 125 anos e resumida em um único parágrafo, dizia estar extinta a escravidão no Brasil. Assim, a Coroa e a Igreja com sua “missão evangelizadora” deixavam de lucrar com o comércio e mão de obra de escravos. O negro era considerado um ser inferior, uma coisa, não uma pessoa, e por isso não tinha nenhum direito. Mais de cem anos depois, discutimos o passado escravista legalizado, base do nosso sistema social e econômico e tentamos desconstruir sequelas como o racismo, a cultura da violência, a má distribuição de renda, o desrespeito à cidadania e o acesso ao ensino superior.

O Senado buscando a devida reparação aprovou o projeto que regulamenta o sistema de cotas nas universidades e prevê que até 2016 25% do total de vagas sejam destinadas a estudantes negros. Negro, pobre, deficiente ou indígena? A maioria das universidades exige que o candidato responda no ato da inscrição se vai concorrer pelo sistema universal (sem cotas) ou pelo sistema de cotas – raciais ou sociais. As vagas pelas cotas raciais são destinadas aos candidatos negros e pardos que tiverem melhor pontuação ou ainda bonificação na nota final das provas sem guardar lugares nos cursos de graduação.

As cotas sociais reservam vagas para candidatos oriundos de escola pública, população de baixa renda, deficientes, indígenas e até para filhos de policiais civis e militares, bombeiros militares e inspetores de segurança e administração penitenciária, mortos ou incapacitados em razão do serviço. A intenção é incluir no ensino superior candidatos que são prejudicados no processo seletivo por terem tido menos oportunidades de aprimorar o estudo.

Adotando as cotas desde 2006, a UEPG deverá avaliar esta benesse - a inserção de indivíduos da escola pública em condição de desempenho de qualidade nos cursos, bem como a cota para negros e sua efetiva contribuição como política de inclusão social. Há bons fundamentos dos dois lados: os que querem as cotas para negros, e os que a rejeitam, todos com bons argumentos. O sociólogo Muniz Sodré questiona - Não é a proximidade entre as diferenças o que, afinal, promove o sistema de cotas brasileiro?

Martin Luther King desejou direitos civis sem distinção e que as crianças não fossem julgadas pela cor de sua pele. Por ideologia, atestaria contra um pré-vestibular “para negros” e a favor para os pobres ou oriundos de escola pública. Mas é necessário outro olhar e descobrir que ser pobre é um problema, ser pobre e negro é um problema maior ainda. De onde eles vêm, as cotas fazem todo sentido. Os cotistas já mostraram que sua média de notas é maior e menor a média de faltas entre os que não precisaram de cotas.

O pano de fundo sempre é o combate à discriminação racial. Não é exigindo atos heroicos de cada jovem pobre e negro que a igualdade nos alcançará. A espera já se alongou por séculos e somente enfrentando o problema no ensino fundamental, médio, cotas, universidade, distribuição de renda e tributação justa, alavancaremos as políticas afirmativas da sociedade – eis a nova alforria.

Extraído de JMNews - Jornal da Manhã - Ponta Grossa - PR

Um comentário:

  1. Interessante, voce deixou seu ponto de vista gente boa!, agora respeite o ponto de vista dos outros. Pesquise que não faz nem 150 anos da abolição dos escravos, e os negros atuais podem ser os Bisnetos diretos dessa ascendencia que sofreu pela cor.
    Abraços

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