Frente Pró-Cotas denuncia “Plano Institucional da USP”
14 de Junho de 2013 - 9h56
A Frente Pró-Contas de São Paulo denuncia e repudia a
manobra da Reitoria da USP, que tenta de qualquer forma aprovar o que eles
estão chamando de “Plano Institucional 2013-2018”, que se distingue
completamente do Pimesp, provavelmente por vergonha de reconhecer o fracasso de
sua proposta (de golpe) original. Abaixo, a nota na íntegra.
Nota de Repúdio ao “Plano Institucional da USP”
Diante da eminente derrota no Conselho no Universitário da
USP do Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior de São Paulo (Pimesp)
e da recente apresentação na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo de
um Projeto de Lei que institui as Cotas Raciais com recorte Social nas
universidade paulistas (PL das Cotas) que foi elaborado pela sociedade civil
organizada, a Reitoria da USP tenta de forma desesperada aprovar um tal de
“Plano Institucional 2013-2018”, que se distingue completamente do Pimesp, provavelmente
por vergonha de reconhecer o fracasso de sua proposta (de golpe) original.
Esse tal "Plano Institucional da USP", além de ser
mais uma tentativa da reitoria de se esquivar do debate das cotas, é
problemático porque suas propostas não garantirão a inclusão de estudantes
negros ou oriundos da escola pública. Quando analisamos cada uma das propostas,
já percebemos o quanto elas são ineficazes:
- ampliação e aumento do bônus Programa de Inclusão Social
da USP (Inclusp): é um fato que o Inclusp já demonstrou ser um fracasso. Ao
longo dos sete anos que vem sendo implementado, houve aumento de apenas 3% no
número de estudantes oriundos de escola pública e não impactou em nada na
entrada de alunos negros. Além disso, mais uma vez ocorre a vinculação do critério
étnico-racial ao social, o que é um problema, dado que escamoteia o racismo e
não contribui para um maior acesso da população negra à universidade. Por fim,
um projeto similar ao que está sendo proposto existe na Unicamp e lá também
houve poucos avanços na inclusão de estudantes negros e de escola pública.
- cursinho pré-vestibular: a criação de um cursinho
pré-vestibular não é, a princípio um problema, no entanto, o recorte feito para
os possíveis candidatos é excludente e prejudica os próprios candidatos. As
vagas serem destinadas somente a estudantes que já concorreram ao vestibular
fará com que esse estudante perca um ano em relação aos demais, problema que
também foi identificado no Pimesp, em que a entrada do aluno negro ou de escola
pública ocorreria dois anos depois dos candidatos que não estão estivesse
dentro desse recorte. Além disso, seria bastante limitada a oferta desse
cursinho. Se houver o interesse da Universidade em criar o cursinho, que ele
seja aberto a todo estudante negro e/ou de escola pública que esteja no
terceiro ano do ensino médio.
- embaixadores da USP e ampliação dos locais de provas:
essas duas propostas parecem ser muito atrativas pelo propósito que têm de
levar a USP a outros espaços. Entretanto, acreditar que o que impede os alunos
de entrarem na Universidade é não conhecê-la ou não conseguir fazer a prova, é
acreditar em uma mentira. É fato que a universidade está distante da sociedade,
mas isso se dá pela maneira como ela é construída, pensando em atender
exclusivamente a elite do país e o fato da grande maioria dos estudantes da USP
serem brancos e de classe média é um reflexo disso. Para rompermos com essa
característica é necessário um projeto de inclusão real, em que toda a
universidade se volte para a sociedade, que é o que as cotas raciais e sociais
pretendem e já demonstram que são capazes de fazer.
O tal "Plano Institucional" é um Inclusp com um
percentual de "até 5%" (pode ser 0%) para negros e indígenas...
proposta que nem de longe atende às demandas da sociedade por inclusão
étnico-racial na Universidade, que é uma mais desiguais do país, como apontam
os dados apresentados na "JUSTIFICATIVA do PL DAS COTAS”.
Vale ressaltar que a pauta "Implementação das Cotas
Raciais na USP" foi inserida na pauta do Conselho Universitário de
20/09/2012 por conta de um Abaixo-Assinado elaborado pelos Representantes dos
Alunos e foi deliberada nesta a criação de uma "Comissão de Discussão das
Cotas Raciais na USP", o que nunca aconteceu. Porque a Comissão não foi
criada e a discussão ocorrida foi sobre o Pimesp e não sobre as Cotas, como
havia sido proposto e aprovado?
Nos envergonhamos com as inúmeras manobras que a atual
Administração da USP tem feito para evitar que a Universidade de São Paulo se
torne uma mais democrática no seu Acesso e também na sua Gestão. Isso demonstra
uma tentativa desesperada de manutenção do status-quo que foi posto em xeque
pelos acadêmicos que estudam "Inclusão Social" e pela sociedade
brasileira, que apóia a implementação das Cotas Racias (Pesquisa IBOPE -
17/02/2013).
A vitória do Movimento pelas Cotas na USP está chegando!
Pedimos a sua assinatura no Abaixo-Assinado para que o Projeto de Lei das Cotas
que tramita na ALESP seja incluído na pauta de discussão e votação na próxima
Reunião Ordinária do Conselho Universitário da USP, juntamente com o “Plano Institucional”.
Atenciosamente,
Frente Pró-Cotas Raciais na USP
Extraído de Vermelho
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