USP barra projeto de cotas e cria bônus racial
28 de Junho de 2013
Plano de inclusão
estabelece acréscimo de 20% na nota do vestibular a alunos da rede pública e de
até 25% aos autodeclarados negros
A Universidade de São Paulo (USP), que sempre
foi contrária à criação de critérios raciais de bonificação, aprovou um bônus
de 5% no vestibular para candidatos de escolas públicas que se autodeclararem
negros, pardos ou indígenas. A criação de um cursinho preparatório para alunos
de escola pública também compõe o projeto de inclusão social em discussão na
instituição.
A proposta, aprovada nesta quinta-feira pelo
Conselho de Graduação, representa o abandono quase total do projeto de cotas
proposto pelo governo paulista, batizado de Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Público Paulista (Pimesp). A criação
de um curso semipresencial para parte dos cotistas — um dos pontos mais
polêmicos do Pimesp — foi descartada.
De acordo com o novo texto, um aluno negro ou
indígena que cursou a educação básica na rede pública poderá ter um bônus de
até 25% na nota. Sem o critério racial, o bônus para a escola pública será de
até 20%. Até o último processo seletivo, o acréscimo máximo era de 15%. Apesar
de a proposta ser o resultado do posicionamento das 42 unidades da USP, ela
ainda precisa ser aprovada no Conselho Universitário para que entre em vigor no
vestibular deste ano.
O prazo para as metas de inclusão são
diferentes do que o governo havia proposto. O documento elaborado pelo Conselho
de Graduação diz que a USP só teria condições de alcançar 50% de alunos de
escola pública em 2018, não em 2016, como previa o plano de Alckmin.
O projeto em estudo na USP não fala em cotas,
apenas em metas e não prevê ações para o caso de não cumprimento dos objetivos
estabelecidos.
Exclusão - A USP sempre teve um perfil
elitista de alunos. Apesar de a escola pública abrigar 85% das matrículas do
ensino médio, a grande maioria dos alunos da universidade saiu de escolas da
rede privada, é branca e tem bom nível econômico. Entre 2012 e 2013, o
porcentual de alunos de escola pública passou de 28% para 28,5%. Mas, levando
em conta apenas as dez carreiras mais concorridas, só 19% dos matriculados
vieram dessa rede.
Nesses dez cursos, metade dos ingressos é das
classes A e B (com renda acima de 6.220 reais). E só quatro candidatos negros
conseguiram se matricular.
Além do bônus, a oferta de um cursinho
pré-vestibular é outra aposta da universidade para tentar modificar o perfil de
seus ingressantes. O curso de reforço, para 1.000 alunos, será oferecido
anualmente e terá duração de dez meses. As vagas serão destinadas a quem
estudou na escola pública, prestou a Fuvest, mas não passou no vestibular.
A primeira edição, de caráter experimental,
começará já a partir de agosto, com duração de cinco meses. As aulas serão
ministradas por alunos de Licenciatura, sob a supervisão de estudantes de
pós-graduação, na Cidade Universitária, zona oeste da capital.
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(Com Estadão Conteúdo)
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