Para ministro da Educação, política de cotas de São Paulo
segrega alunos
Aloizio Mercadante critica modelo defendido por Geraldo
Alckmin, afirmando que contraria ideia de que universidade deve servir à integração
social, e não à exclusão
Por: Raimundo
Oliveira, da Rede Brasil Atual
Publicado em 11/03/2013, 19:52
São Paulo – O ministro da Educação, Aloizio Mercadante,
disse hoje (11) que a política de cotas apresentada pelo governo de São Paulo
mantém os estudantes de escolas públicas apartados do convívio universitário,
criando exclusão no local em que deveria ocorrer a integração social. “É uma
política de cotas que mantém o aluno segregado. Se é assim, o governador
deveria adotar esse sistema para todos os alunos que quisessem ingressar na
universidade”, disse, durante conversa com jornalistas após audiência pública
na Assembleia Legislativa paulista.
Para Mercadante, não se pode dizer que a proposta do
governador Geraldo Alckmin (PSDB) funcione como alternativa à política de cotas
do governo federal, como argumenta a gestão tucana. “Esse sistema de college é
usado em vários países, mas de maneira diferente. Aqui os alunos não têm
garantia se vão conseguir o diploma ou o certificado no final do curso, nem se
a carga horária do curso será abatida como crédito depois que ingressarem na
universidade”, afirmou.
Baseado no college, o ensino superior dos Estados Unidos, o
programa de cotas do governo estadual também é criticado por movimentos de
promoção da igualdade racial. Os selecionados terão de fazer um curso
semipresencial de dois anos. Para ter acesso às universidades, será necessário
completar o segundo ano, com, no mínimo, média sete. No entanto, ao final do
primeiro ano de curso, os que obtiverem desempenho acima de 70% já terão vagas
garantidas nas Faculdades de Tecnologia (Fatecs). A distribuição dos outros 60%
das vagas por cotas será definida a critério de cada universidade.
Para Mercadante, outro defeito da proposta de Alckmin é que
não há a garantia de continuidade em caso de mudança de governo, já que não se
trata de um projeto de lei, mas de uma decisão tomada internamente, e sem que
fossem ouvidos deputados e representantes da sociedade civil. O ministro da
Educação apresentou como contrário a política do governo federal, implementada
desde 2003 e que, a partir do ano passado, foi reforçada pela aprovação de um
projeto de lei que prevê que negros e indígenas tenham direito a 50% das vagas
até 2020.
“Atualmente, nas universidades federais, 12,5% dos alunos
são cotistas. O desempenho dos melhores alunos cotistas é igual ao dos alunos
não cotistas.” Para se preparar para a realidade futura, disse Mercadante, o
governo federal está criando planos que viabilizem do ponto de vista financeiro
a permanência de alunos pobres, com oferecimento de transporte e moradia, e que
garantam um processo de aprendizado para aqueles que cheguem ao ensino superior
em estágio inferior aos demais estudantes.
Fonte: Rede Brasil Atual
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