Universidades
públicas do Brasil já possuem 110 mil alunos cotistas
Ter, 20 de Setembro de 2011 03:31
O Senado Federal debateu nesta segunda-feira, 19 de
setembro, os dez anos de implantação de sistemas de cotas raciais no ensino
superior, que começou em 2001, voltada para as universidades estaduais do Rio
de Janeiro. Segundo levantamento da ONG Educafro, 110 mil negros foram
beneficiados pelos sistemas de cotas e tiveram acesso a universidades públicas
do país nesses anos. Para os participantes do debate, as ações afirmativas
mostraram-se bem-sucedidas ao promover a inclusão significativa da população
negra no ensino superior público.
O reitor da Universidade de Brasília, José Geraldo de Sousa
Junior, fez parte da mesa de discussão.
A UnB foi a primeira universidade federal a implantar o
sistema e recebeu homenagens pelo pioneirismo durante o debate. Para o reitor,
a UnB tem o mérito de ter construído a própria política, que garante 20% das
vagas para estudantes negros desde 2004. "Não dependeu de determinação
externa, nem de leis. Foi uma criação da própria comunidade", ressaltou.
"A UnB já possui 5.396 alunos negros que ingressaram no vestibular por
meio do sistema de cotas e o que se verifica é que a diferença entre as notas
dos estudantes cotistas e não-cotistas é percentualmente insignificante".
José Geraldo ressaltou ainda que a evasão entre os cotistas é menor. "A
universidade ficou mais colorida depois que adotou o sistema".
O reitor destacou a identidade étnica da Universidade de
Brasília, que acredita “ser mais fiel ao o recorte social amplo”. “Do ponto de
vista cultural, a UnB ganhou relevância temática nas discussões e nos temas que
circulam no ambiente acadêmico”, pontuou. “Nós, com isso, realizamos uma
projeção de presença na sociedade de um contingente que contribui pra o
desenvolvimento e que, antes, estava excluído dessa participação”.
Estavam presentes também os senadores Paulo Paim (PT-RS),
Marinor Brito (PSOL-PA) e Paulo Davim (PV-RN), o diretor-executivo da Educafro,
Davi Santos, a secretária de Políticas Afirmativas da Presidência da República,
Anhamona Silva de Brito, a diretora de Gestão Acadêmica da Universidade do
Estado do Mato Grosso (Unemat), Elisângela Moreira da Costa, o secretário de
Ensino Superior do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa.
Luiz Cláudio Costa manifestou apoio às ações afirmativas e
demonstrou a preocupação do MEC em manter esses estudantes nas universidades,
com a destinação de R$ 505 milhões por ano para políticas de assistência
estudantil. Segundo o secretário, o ensino superior do Brasil forma atualmente
um milhão de pessoas por ano, 700 mil a mais do que em 2002, quando a marca era
de 300 mil formados.
A diretora de Gestão Acadêmica da Unemat, Elisângela
Patrícia Moreira da Costa, afirmou que a instituição já nasceu "com a
marca da inclusão", porque surgiu em 1978, no interior do estado, como
Instituto de Ensino Superior de Cáceres. Virou universidade em 1993 e adotou o
sistema de cotas a partir de 2004. Segundo a diretora, a universidade acompanha
o desenvolvimento dos cotistas desde a inscrição no vestibular até a formatura.
Quando a mesa abriu o debate para o público, a militante do
movimento negro Solange Aparecida Ferreira de Campos, a primeira brasileira
beneficiada com bolsa do Prouni, relatou a experiência dela com as cotas.
Solange entrou para o curso de Gastronomia na Universidade Anhembi Morumbi, uma
instituição privada, quando já tinha 45 anos, e formou-se em 2008. Na opinião
dela, é obrigação dos governantes brasileiros apoiar o acesso à educação da
população negra. "Nossos ancestrais negros deram o sangue por esse
país", afirmou. "Se tivemos força para levar chibatadas nas costas,
também temos força, competência e capacidade para ocupar qualquer cargo e
exercer qualquer atividade e trabalho".
Com informações da Agência Senado.
UnB Agência
Extraído de Planeta Universitário
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